Olá!!!
Lembro-me como se fosse hoje da primeira vez que falei num microfone. Estava chegando num estádio para assistir um jogo quando um repórter na entrada do estádio resolveu me perguntar o placar do jogo.
O mais surreal foi que ouvi minha voz lá dentro do estádio ecoando. Percebi então que o som estava sendo transmitido pelas caixas de som do estádio. Achei minha voz de adolescente horrível e caipira.
Na época eu trabalhava no Banco do Brasil. E tinha convites pra me tornar jogador de futebol. Como faltou o "PAItrocínio" tudo foi enterrado.
Anos depois já na faculdade surgiu o convite (já contei como foi surreal) pra me tornar repórter esportivo de uma emissora local.
Lembro da epopéia pra conseguir sair lá do interior e chegar a Caieiras, de trem, pra transmitir um jogo de futebol. Tudo muito estranho e difícil.
A primeira vez que eu liguei o microfone foi muito engraçada.
Depois comecei a ganhar espaço dentro da emissora mas isso parece ter incomodado e eu fui colocado pra escanteio, ficando perambulando pelos corredores da emissora até o dono perceber que eu não estava fazendo nada de muito concreto e me demitir sob a alegação que eu deveria mudar de profissão porque "não tinha nascido para o microfone".
Se não fosse o motorista da emissora me encorajar, na calçada em frente ao prédio, eu teria aceitado o destino que queria me impor.
E fui para outra emissora. Fiquei um tempo em experiência e fui registrado oficialmente no dia 2 de maio de 1992. Pra mim, ali foi o começo de tudo.
Fui crescendo dentro da emissora, fiz tudo que você possa imaginar. Reportagem policial em camburão, política, religiosa, esportiva e até artísticas.
Apresentei o programa de maior audiência com reportagens e comentários que me renderam muitos que até hoje gostam de tirar uma lasquinha quando tomo um tombo. Mas, eu fiz o que tinha de fazer. Lamento que alguns não tenham a sabedoria necessária pra entender isso.
Escrevi em jornal durante anos. Colunas, reportagens e meu espaço próprio.
Quando fui convidado pra vir pra São Paulo já havia sondagem em outra emissora grande. Preferi a Rádio América porque o convite veio por parte do diretor que se tornou um grande amigo.
Cheguei na América pra desenvolver um trabalho em várias frentes e opinar com idéias. E comecei a ganhar destaque. Participava do programa do Eli Correa. E meu nome era ventilado no mercado principalmente porque já estava engatilhado um programa próprio.
Já opinava e participava das idéias dos programas do padre Marcelo. O mesmo, quando chegamos, tinha pouco tempo de programa. E era preciso aumentar.
O sacerdote tinha receio de não segurar sozinho e então me convidou para participar pois na reunião juntamente com o diretor eu dava algumas sugestões que ele achava interessante para o programa.
E assim, ele passou a ter uma hora inteira de programa. No começo atuei mais nos bastidores até que tivemos a idéia da famosa kombi que circulava pelos bairros colocando as pessoas para falar com o padre.
Chegou um momento em que o padre pediu que eu me tornasse mais cativo no programa. E fui deixando outras funções na emissora e até um convite para participar das transmissões esportivas.
Quando ele foi pra Globo, me telefonou em casa. Depois sua mãe. E ele me perguntou sobre duas propostas que ele tinha para rádio. Lembro de que ele estava inclinado pela primeira proposta. E eu argumentei que era mellhor a segunda e ele quis saber o motivo.
No final da conversa lembro-me do padre ter dito "você tem razão, entendi e acho que vou escolher então a segunda". E foi o que fez.
Numa bela tarde me chamou no santuário. E explicou que precisava que eu fosse com ele para a segunda proposta. E o diretor da rádio estava no corredor me esperando pra conversar.
Pode parecer loucura. Mas, eu falei ao padre que adoraria mas que eu tinha outras propostas também. E ele disse que Deus tinha um plano pra mim e que eu deveria ficar com ele. E foi o que fiz. Sai da sala para conversar com o diretor. E antes da conversa terminar já ouvimos o padre empolgado no altar dizer que eu ia com ele.
Sempre fiz as coisas cegamente confiando no padre. E não me arrependo. Sempre planejei muito minha carreira. E desde então eu fiz tudo o que ele pedia. Inclusive sei que alguns não "vão muito com minha cara" até hoje porque criticavam o padre e eu defendia com unhas e dentes.
Quando fui demitido 7 anos depois foram os primeiros a me telefonar e lotar minha caixa postal com recados tirando sarro. Ou atolar meu email gargalhando pela minha queda e que minha família estava perdida.
O que eles não entendem é que não me arrependo de ter defendido um amigo. Acho que nunca vão entender isso.
Hoje, estou muito feliz. Quase dois anos na Rádio Tupi AM. Preocupando concorrentes. E recebendo comentários que só me deixam feliz. Até ganho mais do que na outra emissora o que parece surreal mas é verdade. Sem contar o reconhecimento por parte dos colegas.
Não sei o que virá pela frente. Talvez nada. Talvez tudo. Muitas vezes eu achei que tinha tudo e depois entendi que não tinha nada. Muitas vezes eu tinha nada e não via que tinha tudo.
Sei que as palavras do meu amigo verdadeiro Padre Sergio e a do diretor Luiz Biasi ontem no programa tocaram profundamente o meu coração. E ambos disseram algo que geralmente me dizem "quando se conhece pessoalmente você..."
Sou grato aos que me ensinaram ser assim. Mesmo aqueles que torcem contra. São meus melhores professores porque me ensinam como não devo ser. E motivam a continuar no caminho que acho certo.
Amigos e ex-amigos. Meu muito obrigado.
Agora sou maior de idade até na profissão. Na mesma. E ainda com a sensação que estou apenas começando, todas as manhãs, como se fosse a primeira. Aquela manhã de domingo, fria e ensolarada no estádio em Caieiras...
Abração.
RICARDO LEITE.
FONTE: www.ricardoleitecomvoce.com.br
Lembro-me como se fosse hoje da primeira vez que falei num microfone. Estava chegando num estádio para assistir um jogo quando um repórter na entrada do estádio resolveu me perguntar o placar do jogo.
O mais surreal foi que ouvi minha voz lá dentro do estádio ecoando. Percebi então que o som estava sendo transmitido pelas caixas de som do estádio. Achei minha voz de adolescente horrível e caipira.
Na época eu trabalhava no Banco do Brasil. E tinha convites pra me tornar jogador de futebol. Como faltou o "PAItrocínio" tudo foi enterrado.
Anos depois já na faculdade surgiu o convite (já contei como foi surreal) pra me tornar repórter esportivo de uma emissora local.
Lembro da epopéia pra conseguir sair lá do interior e chegar a Caieiras, de trem, pra transmitir um jogo de futebol. Tudo muito estranho e difícil.
A primeira vez que eu liguei o microfone foi muito engraçada.
Depois comecei a ganhar espaço dentro da emissora mas isso parece ter incomodado e eu fui colocado pra escanteio, ficando perambulando pelos corredores da emissora até o dono perceber que eu não estava fazendo nada de muito concreto e me demitir sob a alegação que eu deveria mudar de profissão porque "não tinha nascido para o microfone".
Se não fosse o motorista da emissora me encorajar, na calçada em frente ao prédio, eu teria aceitado o destino que queria me impor.
E fui para outra emissora. Fiquei um tempo em experiência e fui registrado oficialmente no dia 2 de maio de 1992. Pra mim, ali foi o começo de tudo.
Fui crescendo dentro da emissora, fiz tudo que você possa imaginar. Reportagem policial em camburão, política, religiosa, esportiva e até artísticas.
Apresentei o programa de maior audiência com reportagens e comentários que me renderam muitos que até hoje gostam de tirar uma lasquinha quando tomo um tombo. Mas, eu fiz o que tinha de fazer. Lamento que alguns não tenham a sabedoria necessária pra entender isso.
Escrevi em jornal durante anos. Colunas, reportagens e meu espaço próprio.
Quando fui convidado pra vir pra São Paulo já havia sondagem em outra emissora grande. Preferi a Rádio América porque o convite veio por parte do diretor que se tornou um grande amigo.
Cheguei na América pra desenvolver um trabalho em várias frentes e opinar com idéias. E comecei a ganhar destaque. Participava do programa do Eli Correa. E meu nome era ventilado no mercado principalmente porque já estava engatilhado um programa próprio.
Já opinava e participava das idéias dos programas do padre Marcelo. O mesmo, quando chegamos, tinha pouco tempo de programa. E era preciso aumentar.
O sacerdote tinha receio de não segurar sozinho e então me convidou para participar pois na reunião juntamente com o diretor eu dava algumas sugestões que ele achava interessante para o programa.
E assim, ele passou a ter uma hora inteira de programa. No começo atuei mais nos bastidores até que tivemos a idéia da famosa kombi que circulava pelos bairros colocando as pessoas para falar com o padre.
Chegou um momento em que o padre pediu que eu me tornasse mais cativo no programa. E fui deixando outras funções na emissora e até um convite para participar das transmissões esportivas.
Quando ele foi pra Globo, me telefonou em casa. Depois sua mãe. E ele me perguntou sobre duas propostas que ele tinha para rádio. Lembro de que ele estava inclinado pela primeira proposta. E eu argumentei que era mellhor a segunda e ele quis saber o motivo.
No final da conversa lembro-me do padre ter dito "você tem razão, entendi e acho que vou escolher então a segunda". E foi o que fez.
Numa bela tarde me chamou no santuário. E explicou que precisava que eu fosse com ele para a segunda proposta. E o diretor da rádio estava no corredor me esperando pra conversar.
Pode parecer loucura. Mas, eu falei ao padre que adoraria mas que eu tinha outras propostas também. E ele disse que Deus tinha um plano pra mim e que eu deveria ficar com ele. E foi o que fiz. Sai da sala para conversar com o diretor. E antes da conversa terminar já ouvimos o padre empolgado no altar dizer que eu ia com ele.
Sempre fiz as coisas cegamente confiando no padre. E não me arrependo. Sempre planejei muito minha carreira. E desde então eu fiz tudo o que ele pedia. Inclusive sei que alguns não "vão muito com minha cara" até hoje porque criticavam o padre e eu defendia com unhas e dentes.
Quando fui demitido 7 anos depois foram os primeiros a me telefonar e lotar minha caixa postal com recados tirando sarro. Ou atolar meu email gargalhando pela minha queda e que minha família estava perdida.
O que eles não entendem é que não me arrependo de ter defendido um amigo. Acho que nunca vão entender isso.
Hoje, estou muito feliz. Quase dois anos na Rádio Tupi AM. Preocupando concorrentes. E recebendo comentários que só me deixam feliz. Até ganho mais do que na outra emissora o que parece surreal mas é verdade. Sem contar o reconhecimento por parte dos colegas.
Não sei o que virá pela frente. Talvez nada. Talvez tudo. Muitas vezes eu achei que tinha tudo e depois entendi que não tinha nada. Muitas vezes eu tinha nada e não via que tinha tudo.
Sei que as palavras do meu amigo verdadeiro Padre Sergio e a do diretor Luiz Biasi ontem no programa tocaram profundamente o meu coração. E ambos disseram algo que geralmente me dizem "quando se conhece pessoalmente você..."
Sou grato aos que me ensinaram ser assim. Mesmo aqueles que torcem contra. São meus melhores professores porque me ensinam como não devo ser. E motivam a continuar no caminho que acho certo.
Amigos e ex-amigos. Meu muito obrigado.
Agora sou maior de idade até na profissão. Na mesma. E ainda com a sensação que estou apenas começando, todas as manhãs, como se fosse a primeira. Aquela manhã de domingo, fria e ensolarada no estádio em Caieiras...
Abração.
RICARDO LEITE.
FONTE: www.ricardoleitecomvoce.com.br
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