segunda-feira, 10 de maio de 2010

10/05/10 - Sinais

Olá.

Eu acho que a vida dá sinais e nós precisamos rever algumas coisas urgente.

Hoje a tarde, no mercado publicitário e mídia, o que se comenta é do fracasso de alguns eventos promovidos por religiosos nos últimos tempos.

Tenho comentado e tentado ajudar aqui. Mas, ao invés de aglutinar como crítica construtiva as pessoas preferem buscar jacaré debaixo da cama.

É muito simples. Independente de religião o grande anseio da população é a verdade.

Na política o que o povo exige: verdade.

Na administração pública: verdade.

Quando uma tevê coloca 30 câmeras numa partida de futebol é pra enxergar o que num lance: a verdade.

O povo assiste 6 meses uma novela para no capítulo final descobrir: a verdade.

É tão difícil para pastores ou padres descobrirem isso?

O problema é aquilo que venho falando sempre. Alguns, em nome de Deus (olha só), acham que ainda estão no tempo da inquisição. Que basta dar a desculpa que "Jesus" soprou no ouvido que o povo vai acreditar na explicação desta ou daquela situação.

Ou que basta fazer algo e deixar o tempo passar que o povo vai achar que fulano ou beltrano é o culpado.

Dias atrás um pastor surgiu na televisão esfregando uma toalha nas pessoas. Cada um tem a sua fé. E precisa ser respeitada.

No entanto, lembro-me de uma vez, numa cidade do interior, fui contratado para apresentar um evento religioso. Um renomado pastor inglês faria uma pregação.

Eis que o cara sobe no palco junto com um tradutor e começa a pregação na língua dele. Ao lado do palco, dois guardas uniformizados e no quepe o símbolo da Rainha da Inglaterra e tudo.

Em determinado momento formou-se uma fila com 5 pessoas. Um sujeito com muletas, um cadeirante, um cego, um surdo e outro com um problema que não lembro exatamente.

No altar, o inglês pega um pano e passa no olho do cego. Depois nas pernas do cadeirante. No pé do sujeito da muleta. No ouvido do surdo e por último coloca o pano no peito do quinto sujeito.

E começou a louvar. E eu ali no palco. Já tinha chamado algumas bandas. Esperava o fim da apresentação do inglês pra chamar outras bandas e encerrar o evento.

Cinco minutos depois o cego gritou que estava vendo. O sujeito da muleta começou a pular dizendo que as feridas em seu pé tinham cicatrizado. O cadeirante se levantou e pulou do palco para abraçar sua família. E o surdo feliz porque ouvia os gritos do ginásio, a esta altura, alucinado. O quinto sujeito também sorria e gritava que podia respirar.

O povo começou a querer subir no palco pra tocar no inglês. Foi uma balbúrdia. Entraram em ação no pé da escada os dois guardas uniformizados.

Lembro da camisa branca e da insígnia dourada. Bigodes aparados e tudo mais. Imponentes.

Levaram o inglês lá para o fundo sob a desculpa de que estaria mais seguro.

Bom, chamei a última banda e desci do palco.

O tradutor me perguntou se eu tinha gostado da tradução dele. Descobri depois no jantar em uma churrascaria que o mesmo era dono de empresa em Campinas, dono de uma BMW que deu carona até minha casa e no fundo queria ser deputado federal.

O inglês era inglês mesmo. E na saída do ginásio aparecem os dois guardas. Já de bermudas e com uma sacola na mão dizendo "pastor, aqui estão as roupas e o chapéu". Em português claro descobri que ambos moravam numa vila bem próxima da minha. Um era barbeiro e o outro ajudante de obras.

Bom, sobre os cinco curados, estavam felizes atrás do palco e só ouvi um comentário "pastor, me sai bem hoje?".

Não vou contar o resto da história. Mas, sei que caio no riso sozinho de vez em quando. Não acredito que eu fiquei de boca aberta no palco ao ver o sujeito da cadeira de rodas pulando lá de cima no meio do povo.

Acredite você ou não, me convidaram mais 3 ou 4 vezes para o evento. Não fui. Da última, o pastor ainda me disse "poxa, mas o inglês gostou de você na churrascaria e o tradutor quer que você mostre a cidade pra ele".

Digo pra você: o povo quer apenas a verdade.

Não há motivo pra escondê-la. Ainda mais quando se usa a mídia pra Jesus.

Você pode ter certeza que quando eu sentir que há verdade em tal lugar ou qualquer outro lugar, eu lá estarei. Porque já vi muita gente fazer cada coisa que se fosse outro me contando eu não acreditaria.

Teve uma vez que montaram uma foto sobre um evento religioso. Preencheram espaços no gramado com o famoso "photoshop". O religioso foi avisado mas disse "ah, mas ficou bonita, pendurem na parede". Ou seja, quem passa ali acha que é aquilo mesmo. Não é verdadeiro "mas ficou bonito".

Em alguns lugares a verdade deu lugar a vaidade e planos pessoais.

Só que um dia é uma história mal contada aqui. Outra "meia verdade" ali. E o povo indo embora. E o povo deixando de seguir.

Não é a tôa que a história mostra o desaparecimento de algumas seitas pelos séculos e séculos.

Desapareceram porque um dia o povo cansou do circo.

Abração.

RICARDO LEITE.

FONTE:
www.ricardoleitecomvoce.com.br

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